Trabalho desenvolvido por: Emanuel Oliveira A informação cartográfica das áreas percorridas por fogos, sejam eles incêndios rurais, queimada...
Trabalho desenvolvido por:Emanuel Oliveira
A informação cartográfica das áreas percorridas por fogos, sejam eles incêndios rurais, queimadas extensivas ou fogos controlados, é essencial para monitorizar um dado território quanto à atividade relacionada com o uso do fogo, os riscos associados e os seus impactes na paisagem.
O fogo apesar de constituir uma ferramenta das comunidades rurais para a gestão dos combustíveis, assumia-se no passado como de vital importância para a sanidade animal pela "higienização" dos pastos e para a fertilização dos solos. O fogo tem um papel modelador da paisagem.
A maior ou menor piroatividade da época que antecede a o período de maior risco (normalmente a época estival) pode dar-nos pistas para onde direcionarmos as ações de prevenção. Um território que nas estações de outono, inverno e primavera registaram uma maior atividade que se traduziu em áreas percorridas por fogos, estarão em princípio, menos vulneráveis durante o verão devido às alterações dos modelos de combustível que produzirão por sua vez uma alteração no comportamento do fogo e na sua propagação em caso de incêndio.
O registo cartográfico oficial das áreas percorridas por fogos incide sobretudo no tipo de fogos florestais derivados de ocorrências que deram origem a incêndios rurais, com o registo de saída de meios. Igualmente, existe um registo áreas geridas com fogo controlado ou queimadas extensivas licenciadas.
Por outro lado, os fogos de origem pastoril, aquelas pequenas queimas que se executam anualmente (outono-inverno-primavera) e que salpicam a paisagem de montanha, não são registados em qualquer cartografia. No entanto, para além de serem indicadores da vulnerabilidade de um território em relação aos incêndios rurais, são essenciais para a modelação e conservação da paisagem, criando verdadeiros mosaicos com caraterísticas dos combustíveis muito variadas (disponibilidade horizontal, compactação, tamanhos, densidades, cargas e etc.).
Atualmente a observação da Terra através da deteção remota e a grande disponibilidade de recursos de satélites permitem uma valiosa monitorização e análise multitemporal para um maior rigor, tão necessário para estudar o fenómeno do fogo no território, nas sua diferentes manifestações.
 |
| Visualização da informação das áreas percorridas pelo fogo no Alto Minho através do "Fires Monitor": https://qgiscloud.com/Pyro/Fire_Monitor/ |
Com o objetivo de apoiar a prevenção e uma resposta mais adequada para a época mais crítica de incêndios rurais procedeu-se à atualização atempada de todas as áreas percorridas por fogos no território do Alto Minho desde 1 de janeiro de 2021, pelo que lhe dei o nome de "Fires Monitor" e estará disponível por esta ligação: https://qgiscloud.com/Pyro/Fire_Monitor/. Este trabalho foi exclusivamente desenvolvido por via de deteção remota e tem por fim ser um meio de informação atualizada periodicamente em curtos espaços de tempo, permitindo assim a visualização das áreas percorridas por fogos, o que poderá apoiar as entidades competentes no âmbito do planeamento, prevenção, vigilância, do combate e da recuperação pós-fogo.
Para o período entre o dia 1 de janeiro até à data da última imagem consultada (24/05/2021) foram cartografados 754 perímetros de áreas percorridas por fogos, correspondendo aproximadamente a 3 006 hectares do território do Alto Minho.
 |
| Detalhe do trabalho de digitalização dos diferentes perímetros das áreas percorridas por fogos desenvolvido para o "Fires Monitor" |
Destaca-se ainda que este projeto particular, derivado da investigação na qual me encontro a trabalhar no território do Alto Minho não substitui a informação oficial e como tal, não será distribuída, sendo apenas possível a sua visualização. Cabe ainda salientar que o atual projeto "Fires Monitor" encontra-se numa fase inicial, pelo que tentarei no futuro proceder a melhorias quer para visualização, consulta e análise de dados.
COMMENTS