Elaborado por: Emanuel Oliveira Os Grandes Incêndios Florestais (GIF’s) que afetaram em 2017 uma grande parte do território nacional, que...
Elaborado por: Emanuel Oliveira
Os Grandes Incêndios Florestais (GIF’s) que afetaram em 2017 uma grande parte do território nacional, queimando cerca de 500 mil hectares, colocaram a nu o colapso de um sistema de extinção que se baseia quase exclusivamente na soma de meios e na baixa eficiência e onde a prevenção operacional (não confundir com estrutural) falhou rotundamente.
Foto 1 - Elemento do GAUF. Foto: E. Oliveira, 2010 |
«As previsões meteorológicas a curto e médio prazo são bastante fiáveis, permitindo uma elevada antecipação da sua influência no comportamento do fogo. Os sistemas de informação geográfica e as facilidades de caraterização da ocupação do solo e de caraterização de risco estrutural permitem compreender e antecipar rapidamente a influência da orografia e dos combustíveis no comportamento do fogo. Existe tecnologia (de simulação espacial do fogo) que pode contribuir para aferir e predizer o comportamento do fogo e a propagação dos incêndios.
Adaptar a organização do Sistema e as intervenções às condições previstas e ao comportamento esperado do fogo, garantindo que:
O Sistema deverá ter a contribuição de colaboradores internos e/ou externos capazes de analisar as previsões e as condições presentes e futuras com influência na probabilidade e no comportamento do fogo;» Fonte: Relatório do Incêndio de Pedrógão Grande e de Góis; CTI 2017, pág. 158
É preciso recordar, aquilo que já referi em artigos anteriores, o combate aos incêndios florestais em Portugal é um combate tipicamente reativo, carecendo de análise prévia e de estratégias baseadas no comportamento do fogo presente e previsto, pelo que não é de admirar que os resultados, ano após ano, sejam mais graves, com áreas mais extensas e maior probabilidade de acidentes, apesar de mais meios e de encargos cada vez mais avultados com o dispositivo de combate.
Foto 2 - Reunião Nacional do Grupo de Análise e Uso do Fogo. Foto: E. Oliveira, 2010 |
Agora, parece ter tido um déjà-vus e, voltamos novamente, a falar de analistas. Voltamos a querer integrar analistas num sistema que não tem entendido que o combate aos grandes incêndios não tem nada a ver com as pequenas ocorrências e que o combate reativo não se aplica nestas grandes ocorrências ou quando existe um elevado potencial destas ocorrerem. O ano 2017, só demonstrou o que tem vindo a ocorrer em anos anteriores (2016, 2013, 2010 e 2005, 2004 e 2003). Como dizem os colegas da Galiza: “os grandes incêndios florestais requerem mais intervenção com a cabeça do que músculo”, isto referindo-se à necessidade de análise! Por cá, caimos na ilusão do combate musculado!
Foto 3 - Helicóptero de Coordenação e Análise ao serviço da Xunta de Galicia com sistema de gravação de video e partilha em tempo real com o Posto de Comando. Foto: E. Oliveira 2017 |
Nesta altura do ano e após o que se passou em 2017, já deveríamos ter analistas a trabalhar para a campanha de incêndios que se avizinha. Note-se que não é com ações de formação e cursos à pressão que se produzem analistas de incêndios florestais e muito menos com nomeações para cargos, nem o papel do analista se resume ao uso de simuladores.
Em Portugal tem-se confundido a função do Analista de Incêndios Florestais e o próprio Despacho n.º 7511/2014, de 9 de junho, mesclando o papel de analista com o papel do uso do fogo de supressão, ou seja junta-se a análise com a manobra.
É preciso entender que existem dois níveis de análise e, como tal, dois papéis de analista:
- Analista Estratégico
- Analista Táctico ou Operacional
Foto 5 - Analistas Estratégicos do Departamento de Incêndios de Los Angeles (EUA). Fonte: US San Diego News Center |
Foto 6 - Analista Tático obtendo dados meteorológicos no Teatro de Operações. Fonte: International Fire Fighter |
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