Fonte: Bloc del CTFC Traduzido por Emanuel Oliveira A investigação sobre o uso do fogo como ferramenta de gestão florestal que se re...
Fonte: Bloc del CTFC
Traduzido por Emanuel Oliveira
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Queima prescrita em Solsonès. Projeto ForBurn, junho 2013. Autor: CTFC |
Uma queima prescrita consiste em aplicar fogo ao sub-bosque de forma planificada sob umas condições meteorológicas concretas pra atingir um objetivo de gestão. Apesar de ser uma prática não isenta de controvérsia, as queimas prescritas são mais uma ferramenta para controlar a acumulação de combustível no sub-bosque causada pelo abandono das atividades agrárias e florestais e reduzir a intensidade de um possível incêndios. Os estudos basearam-se em espécies importantes, não só ao nível ecológico mas também económico, uma vez que representam 60% da madeira total comercializada na Catalunha.
O pinheiro-de-Alepo, o pinheiro-larício ou o pinheiro-silvestre são espécies comuns nas florestas catalãs e europeias e são objeto de estudo de Teresa Valor, investigadora pre-doutoramento do grupo CEMFOR (Center for Mediterranean Forest Research) del CTFC. Dada que a vitalidade destas árvores após a queima é um aspeto chave a ter em conta, Valor e a sua equipa têm estudado como as queimas prescritas afetam o crescimento destas árvores segundo a tolerância ao fogo ou às características e rendimento da árvore antes da queima.
Os resultados mostram que o efeito do fogo depende da espécie, o tamanho da árvore e as características do fogo e, também, vão variando com o tempo. “Depois de uma queima podemos observar árvores com copas parcialmente queimadas e detetar uma diminuição do crescimento em relação a como deveriam de crescer sem a aplicação do fogo. No entanto, com o passar do tempo, estas árvores recuperam-se e em determinadas espécies observamos um aumento do crescimento seguramente devido a que o fogo reduziu a concorrência por recursos (água, luz e nutrientes)”, explica Valor, advertindo que “o crescimento depois do fogo é um fenómeno complexo que depende de múltiplos fatores”.
A informação proporciona um marco para estabelecer recomendações em queimas prescritas ao nível de espécies, regulando a intensidade do fogo aplicado ou a frequência entre queimas requerida, sem que para isso se altere a vitalidade das árvores.
A longo prazo, o efeito da queima prescrita segue sendo evidente.
Na hora de planificar a queima como ferramenta eficaz desde um ponto de vista económico e para a prevenção de incêndios, também resulta chave saber o que sucede a longo prazo. Neste aspeto dirigiu-se a investigação liderada por Pere Casals, também investigador do CEMFOR-CTFC que demonstra que ao fim de 8 ou 9 anos, a redução do subcoberto continua sendo evidente.
A disponibilidade de luz parece ser um factor chave nas queimas sobre o subcoberto, uma vez que a recuperação do subcoberto depois das queimas parece ser mais lenta nas florestas densas, onde a copa está fechada. Portanto, Casals e a sua equipa sugerem que para prolongar a efectividade da queima como ferramenta para a redução do combustível é necessário minimizar a lesão das copas.
Finalmente, recorda que o efeito do fogo sobre o combustível apenas incide num dos fatores chave que determina a virulência de um incêndio e que esta redução não tem nenhuma repercussão “em caso de condições extremas, quando o comportamento do fogo se rege mais pela meteorologia que pela quantidade de combustível”.
O conjunto destes estudos, publicado na revista Forest Ecology and Management, evidencia o potencial das queimas prescritas como ferramenta preventiva de incêndios, de especial interesse para a Catalunha onde, como em toda a vertente mediterrânica, existe um elevado risco de incêndios florestais.
Mais informação em:
Valor T., González-Olabarria J.R., Piqué M. (2015) Assessing the impact of prescribed burning on the growth of European Pines. Forest Ecology and Management 343:101–109
Casals P., Valor T., Besalú A., Molina-Terrén D. (2016) Understory fuel load and structure eight to nine years after prescribed burning in Mediterranean pine forests. Forest Ecology and Management 362:156–168
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