Por: Emanuel Oliveira Publicado no Jornal VALE MAIS N.Âș 35 # NOVEMBRO 2014 Praticamente, faltam dois meses para acabar o ano e cerc...
Por: Emanuel Oliveira
Publicado no Jornal VALE MAIS
N.Âș 35 # NOVEMBRO 2014
Praticamente, faltam dois meses para acabar o ano e cerca de 7 meses para entrarmos numa nova fase da tĂŁo mediĂĄtica Ă©poca de incĂȘndios florestais. Passamos novamente um verĂŁo e jĂĄ esquecemos os incĂȘndios florestais, contudo a floresta continua e o risco de incĂȘndio mantĂ©m-se, ou melhor, aumentou o seu potencial face a um incremento da carga de combustĂvel.
Segundo o relatĂłrio provisĂłrio de incĂȘndios florestais de 1 de janeiro a 30 de setembro de 2014, publicado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, apenas ocorreram neste ano, no Alto Minho cerca de 330 ocorrĂȘncias, cuja ĂĄrea correspondente foi aproximadamente de 830 hectares, dados estes muito distantes das mĂ©dias anuais verificadas no perĂodo de 2001 a 2013: cerca de 1550 ocorrĂȘncias/ano e cerca de 9 000 hectares de ĂĄrea ardida anualmente no territĂłrio. Sem dĂșvida alguma, as condiçÔes meteorolĂłgicas anĂłmalas deste verĂŁo, com temperaturas abaixo do normal e a humidade elevada e o nĂșmero de dias de precipitação registados, favoreceram a redução do nĂșmero de incĂȘndios, bem como limitaram a sua propagação, reduzindo a ĂĄrea ardida.
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Ação de Fogo Controlado numa cumeada com faixa negra previamente executada. |
O que isto significa?
Significa que face Ă reduzida ĂĄrea ardida verificada no ano corrente em relação Ă mĂ©dia distrital, implica que para o ano 2015 existe um aumento da carga de combustĂvel derivada do aumento da vegetação viva e da acumulação de vegetação morta, o que por sua vez requer um esforço para a gestĂŁo destes combustĂveis florestais com o fim de reduzir o risco inerente de incĂȘndio florestal.Os trabalhos de gestĂŁo de combustĂveis florestais acarretam custos elevados, principalmente com recurso a meios mecanizados ou moto-manuais, praticamente incomportĂĄveis face Ă s reduzidas receitas obtidas da floresta. Por outro lado, se considerarmos o elevado potencial de regeneração dos matos no Alto Minho, em virtude das temperaturas amenas e da humidade disponĂvel, os custos acrescem devido Ă necessidade de um aumento das acçÔes de controlo dessa vegetação. Ă aqui que o Fogo Controlado ou tambĂ©m denominada queima prescrita, joga um papel fundamental na gestĂŁo dos combustĂveis, permitindo em simultĂąneo Ă redução da carga e do seu potencial risco de incĂȘndio, a renovação das pastagens, a fertilização dos solos e o controlo de espĂ©cies invasoras. A sua eficiĂȘncia reside no seu efeito mais duradouro que o corte da vegetação, reduzindo igualmente os custos associados. O recurso ao fogo controlado nĂŁo tem tantas limitaçÔes como o corte mecanizado ou moto-manual, o qual fica limitado ao relevo e ao tipo de solo, cuja dificuldade por vezes impede a utilização de maquinaria e requer um trabalho hercĂșleo de homens para a desmatação.
O fogo controlado consiste no uso planeado do fogo em condiçÔes ambientais favoråveis à satisfação dos objetivos de gestão previamente identificados, constituindo uma ferramenta muito eficiente quando utilizada eficazmente.
No Ăąmbito territorial do Alto Minho, onde o risco de incĂȘndio florestal Ă© transversal a todos os concelhos, implica gerir e reduzir a carga de combustĂveis florestais aos nĂveis naturais, sem a supressĂŁo do fogo, isto significa o recurso ao fogo controlado trabalhado a uma escala temporal dilatada e Ă escala espacial da paisagem, ao contrĂĄrio de açÔes isoladas quer no tempo quer no espaço, atualmente levadas a cabo. O uso do fogo controlado, tal como ocorre nos EUA, CanadĂĄ ou Argentina, para ser eficaz e sobretudo eficiente, implica um trabalho planificado, rigoroso, sistemĂĄtico para aproveitar as melhores condiçÔes ambientais e pessoal especializado e exclusivamente dedicado, nĂŁo ficando refĂ©m de outras açÔes nem limitado ao tempo. Mais Fogo Controlado significa Menos IncĂȘndios Florestais no Alto Minho!
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