Ausência de verão determinante no “sucesso” da época de incêndios florestais!

Por: Emanuel Oliveira Publicado no Jornal VALE MAIS N.º 33 # SETEMBRO 2014 Já vamos a mais de metade da estação estival e o certo é ...

Por: Emanuel Oliveira
Publicado no Jornal VALE MAIS

N.º 33 # SETEMBRO 2014

Já vamos a mais de metade da estação estival e o certo é que não temos sentido o verão e as suas características: temperaturas altas, humidade baixa, ausência ou redução considerável da precipitação e consequentemente, a perda da cor verde intensa da vegetação e a ocorrência de incêndios florestais.
Não tardarão as manifestações públicas e mediáticas das mais diversas estruturas e organismos, honrando os contratos e justificando a despesa de cerca de 80 milhões de euros gastos para este verão no combate aos incêndios florestais, atribuindo o êxito ao dispositivo empregue.


O certo é que o verão não existiu até ao momento e as condições meteorológicas irregulares registadas foram exclusivamente responsáveis pela redução ou ausência de incêndios – onde há água não há fogo!

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) o mês de julho foi o mais chuvoso deste século e o terceiro com a temperatura mais baixa. O IPMA através da publicação do Boletim Climatológico classificou o último mês de julho como muito chuvoso, sendo o oitavo mais chuvoso desde 1931 e o mais chuvoso deste século. No mesmo Boletim refere-se que o mês de julho, para além dos valores de precipitação superiores, se caracterizou por valores médios de temperatura média do ar inferiores ao normal.

No que se refere ao mês de agosto, a tendência face ao registo de temperaturas baixas para a época e humidade elevada parece manter-se, devido à persistência de uma circulação atmosférica anómala que conduz à redução de temperaturas, principalmente a Norte de Portugal.

Sendo assim, podemos dizer que a época de incêndios em pleno verão poderá estar a terminar praticamente sem ocorrências. Para um tempo meteorológico anómalo, uma época de incêndios anómala. Contudo cabe salientar que o ano não terminou e se a estação de verão foi anormal, as estações do outono e inverno, igualmente poderão ser excecionais!

CASO SE REGISTE UM OUTONO  E/OU INVERNO SECO QUE CENÁRIO  DE INCÊNDIOS SE PODE ESPERAR?

A 30 de setembro encerra-se a Fase de Perigo Charlie que marca a redução considerável de meios e recursos previstos na Diretiva Operacional Nacional para o ano de 2014 (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais) tais como o encerramento da maioria dos postos de vigia, o fim do funcionamento das Equipas de Combate a Incêndios integradas nas corporações de bombeiros, a redução dos meios aéreos, ou seja baixa-se o nível de Perigo e reduz-se a capacidade de resposta face aos incêndios. No entanto, face ao inverno, primavera e verão de 2014, constata-se uma elevada carga de combustível determinada pelo elevado crescimento da vegetação, a qual irá morrer, secar e ficar disponível para arder. Por outro lado, o uso tradicional do fogo materializado pela queima de sobrantes resultantes da desmatação e restos de podas e as queimadas pastoris para a gestão de matos e pastos, vão ter um normal e esperado aumento logo a partir da primeira semana de outubro, podendo-se esperar o seu incremento, uma vez que não foi possível durante o rigoroso inverno e primavera de 2014 e no verão pelas condicionantes impostas pelo estabelecimento do Período Crítico.

Sendo assim, caso os últimos 3 meses deste ano sejam secos, associados à elevada carga de combustível agro-florestal e ao uso tradicional do fogo, os incêndios poderão ter maiores proporções face à perda de uma resposta capaz, pela redução da disponibilidade de combatentes, bem como dos meios de resposta, quer na prevenção quer na extinção.

Caso contrário, se os últimos meses se encontrarem dentro de condições normais, com a descida da temperatura e o aumento da precipitação a marcarem as estações, apenas teremos um adiamento do problema para o ano 2015 no que respeita à gestão dessa elevada carga de combustível florestal acumulada, o que implica um trabalho sistemático capaz que viabilize a sua redução efetiva mediante, principalmente, pelo uso do fogo técnico – Fogo Controlado.

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Fogos Florestais: Ausência de verão determinante no “sucesso” da época de incêndios florestais!
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