Trovoadas e Raios e IncĂȘndios Florestais. Cuidados Especiais

Desenvolvido e postado por: Emanuel de Oliveira Publicado no Blogue dos GTF's do Alto Minho 18/07/2013 Fonte: wildfiretoday.co...

Desenvolvido e postado por:
Emanuel de Oliveira
Publicado no Blogue dos GTF's do Alto Minho
18/07/2013

Fonte: wildfiretoday.com
Ultimamente tem-se assistido no Norte da PenĂ­nsula IbĂ©rica a diversas ocorrĂȘncias derivadas da trovoada, pelo que considerei importante aprofundar melhor este fenĂłmeno atmosfĂ©rico e as suas consequĂȘncias em matĂ©ria de defesa da floresta contra incĂȘndios e a segurança dos combatentes.
O risco de trovoadas em tempo quente e seco Ă© muito elevado e, muitas vezes, estas trovoadas desenvolvem um importante aparato elĂ©ctrico que pode levar Ă  ocorrĂȘncia de incĂȘndios florestais.

A humidade reduzida nos combustíveis florestais, provocado pelas altas temperaturas da época e a escassa pluviosidade registada no período entre o final da Primavera, Verão e início do Outono, facilitam a ignição dos combustíveis pela queda de raio.

A formação de trovoadas produz-se frequentemente pela tarde e associada ao relevo mais montanhoso que forçam o ar a subir, pelo que nestas condiçÔes, os raios podem cair no final da tarde e durante a noite, em locais de difícil acesso (normalmente nas proximidades das vertentes). As condiçÔes de escuridão e os ventos erråticos, moderados a fortes, durante a trovoada dificultam o ataque inicial.

Fonte: wildfiretoday.com
Outra caracterĂ­stica importante dos incĂȘndios provocados por queda de raio Ă© que podem manifestar-se muitas horas depois ou inclusive apĂłs dias de ocorrer a descarga elĂ©ctrica, pois se um raio cai num dado terreno este pode gerar uma combustĂŁo lenta que manifestarĂĄ mais tarde, quando as condiçÔes meteorolĂłgicas facilitem a propagação originando um incĂȘndio florestal.
Sendo assim, apĂłs a trovoada, Ă© importante a busca de locais onde se produziram as quedas de raios, com o fim de eliminar pontos quentes.

No caso de Vila Nova de Cerveira, o territĂłrio tem vindo nos Ășltimos trĂȘs anos a assistir a ocorrĂȘncias geradas por quedas de raios: duas em perĂ­odo diurno (2010 e 2011) e uma em perĂ­odo nocturno (2012), com particular incidĂȘncia nas freguesias de Covas e Sapardos.

Este tipo de fenĂłmeno atmosfĂ©rico obriga Ă  monitorização da parte dos serviços de protecção civil e de defesa da floresta (SMPC/GTF) atravĂ©s das cartas de seguimento de queda de raios, disponibilizadas pelas agĂȘncias meteorolĂłgicas.

SEGURANÇA FACE À TROVOADA E AOS RELÂMPAGOS

http://wildfireworld.org
Todos aqueles que trabalham ou exercem uma actividade ao ar livre e, principalmente em ambientes de montanha, devem estar conscientes da potencial ameaça de ser atingido por um raio – PERIGO OBJECTIVO.

Tomando como referĂȘncia Espanha, cujos dados encontram-se devidamente monitorizados desde 1941 e transcrevendo o artigo de JM Vinas, no site eltiempo, teremos um maior contacto com a realidade deste fenĂłmeno: “Na actualidade, o nĂșmero de pessoas que morre anualmente vĂ­timas dos raios situa-se entre as 10 e as 15. Esta quantidade supera pelo menos as 10 vĂ­timas que tĂ­nhamos durante a dĂ©cada de 1980 e princĂ­pios dos anos 90, devido fundamentalmente ao auge dos desportos e Ă s actividades de ar livre (e possivelmente por uma actividade de trovoada de maiores proporçÔes), ainda que o nĂșmero Ă© muito inferior ao registado nos anos 40, 50 e 60, em que morriam em mĂ©dia cerca de 70 pessoas por ano. A população naquela altura vivia maioritariamente nas zonas rurais, dedicando-se Ă  diversidade das actividades agrĂ­colas e silvo-pastoris.

Cerca de 30% das vĂ­timas atingidas por raio morrem e 74% dos sobreviventes ficam com sequelas permanentes.
Mais de 70% dos Ăłbitos por fulminação dĂŁo-se entre Junho e Agosto e 92% entre Maio e Setembro, coincidindo assim com o perĂ­odo de maior risco de incĂȘndio florestal.

Estes acidentes podem ocorrer devido à ignorùncia, desde o comum cidadão ao combatente, de reconhecer a trovoada como um fenómeno atmosférico perigoso, pela incapacidade de reconhecer a ameaça potencial de um raio, ou a falta de conhecimento sobre as regras de segurança a ter face a este potencial perigo.

Antes que comece a queda de raios (relĂąmpagos)

  1. Saiba identificar a proximidade de uma trovoada pela evolução das nuvens típicas.
  2. Seja sempre consciente de quanto tempo vai demorar para alcançar um abrigo SEGURO, se uma trovoada ocorrer.
  3. Observar quando novas trovoadas começam a desenvolver-se.
  4. O serviço de protecção civil deverå observar pelos mecanismos existentes, através das cartas de monitorização de quedas de raios e comunicar a ameaça relùmpagos.
  5. Colocar observadores/vigilantes para actuarem em caso de incĂȘndio florestal.
  6. No verĂŁo, em dias de formação de trovoadas, devem-se retirar de trabalhos no campo e em zonas elevadas antes das 16 UTC (17 horas de Portugal), pois a partir desta hora Ă© quando se formam um maior nĂșmero de trovoadas. A vigilĂąncia das equipas de combate a incĂȘndios deverĂĄ ser realizada junto Ă  viatura ou dentro dela, pois esta funcionarĂĄ como refĂșgio perante a queda de raios.
  7. No caso de sentir cócegas na pele ou que o cabelo tende a ficar de pé e que os objectos metålicos de pontas metålicas (antenas de rådio) emitem um estranho zumbido, assemelhando-se ao som de uma colmeia ou produzem faíscas, então a trovoada estå muito próxima. Isto significa que o ambiente onde nos encontramos transformou-se em condutor, ao ponto de gerarem-se descargas entre duas pessoas ou pessoas e objectos.
  8. Se notar algum destes sinais deverĂĄ imediatamente retirar-se para um local seguro.

Fonte: www.funnytimes.com
Quando jĂĄ estĂĄ a decorrer a queda de raios

Estimar a sua distĂąncia em relação ao Ășltimo relĂąmpago usando o mĂ©todo denominado “flash-to-bang”: A distĂąncia da trovoada Ă© estimada atravĂ©s do cĂĄlculo da diferença de tempo entre o relĂąmpago (luz) e o trovĂŁo (som). A velocidade do som no ar Ă© de aproximadamente 343 m/s. Estimamos que um raio encontra-se a 1,0 km para cada 3 segundos contados. Se o relĂąmpago cair a menos de 8,5 km (cerca de 25 segundos de distĂąncia), devemos OBRIGATORIAMENTE e IMEDIATAMENTE deslocar-nos para um abrigo seguro, se possĂ­vel. Uma vez que o raio caia a 8,5 km, o prĂłximo relĂąmpago pode ocorrer onde vocĂȘ estĂĄ, pelo que hĂĄ a necessidade de procurar um local seguro antes que o raio caia mais perto. Por cada 10 segundos contados entre o trovĂŁo e o raio, devemos considerar que existe cerca de 3 km de distĂąncia entre nĂłs e a queda do raio.

Roy Sullivan, guarda florestal dos EUA foi 7 vezes atingido por raios entre 1942 e 1976 e... nĂŁo morreu!
  1. Quando fora e longe de veĂ­culos ou edifĂ­cios, procure uma floresta densa com pequenas ĂĄrvores, rodeada por ĂĄrvores altas. Fique longe de ĂĄrvores isoladas.
  2. NUNCA começar a correr durante uma trovoada e com a roupa molhada, pois Ă© extremamente perigoso, uma vez que criarĂĄ turbulĂȘncia no ar e uma zona de convecção que atrairĂĄ o raio.
  3. NĂŁo fique numa ĂĄrea aberta (clareira) com mais de 90 m de diĂąmetro.
  4. Afaste-se de todo o material metĂĄlico (ferramentas) e coloque-o a uma distĂąncia superior a 30 metros de distĂąncia.
  5. Desligue os aparelhos de rådio-comunicação e telemóveis, cujas radiaçÔes electromagnéticas podem atrair os rådios.
  6. Não se coloque em locais elevados, como um cume, cabeças e vertentes de ravinas, afloramento de rocha, ou um telhado.
  7. NĂŁo esteja na ĂĄgua ou num barco. Afaste-se de planos de ĂĄgua, pontos de ĂĄgua, rios e ribeiros, bem como linhas de ĂĄgua.
  8. NĂŁo se refugie Ă  entrada de grutas ou de uma rocha (lapa), pois o raio pode entrar precisamente atravĂ©s das aberturas existentes. Somente Ă© seguro o refĂșgio em grutas profundas e largas, no mĂ­nimo com um metro para cada lado.
  9. Em espaço aberto, se estiver em grupo (equipa de combatentes), afastem-se uns dos outros a distùncias superiores a 30 metros e coloquem-se em posição de segurança.
  10. Em espaço aberto (por exemplo: planalto ou campo, sem floresta) a posição de segurança recomendada é sentar-se sobre uma mochila ou impermeåvel, baixar a cabeça e colocar as mãos sobre os joelhos. Mantenha-se assim até passar a trovoada. Esta posição mantém a pessoa isolada e evita que sobressaia na paisagem.
  11. Evite estar prĂłximo ou em contacto com elementos mais altos e isolados que podem ser propensos a serem atingidos por raios.
  12. Evite estar prĂłximo ou em contacto com grandes estruturas metĂĄlicas, tais como antenas, postes ou cercas de metal.
  13. ConstruçÔes metålicas com tampo em pedra ou outras estruturas não condutoras eléctricas não são locais seguros. Não toque em nada ligado à rede eléctrica, linhas telefónicas ou canalizaçÔes.
  14. A melhor opção é dirigir-se para o interior do veículo, mas não toque nos lados do veículo. Dentro do veículo, mantenha-se com os vidros fechados e feche as entradas de ar.
  15. Definitivamente, sempre que seja possĂ­vel, procure refugiar-se dentro de um edifĂ­cio fechado.


Se um raio alcança uma pessoa

  1. As pessoas atingidas por um raio nĂŁo mantĂȘm a descarga elĂ©ctrica, pelo que pode-se socorrer sem correr qualquer risco.
  2. Peça auxílio por telefone, chamando o 112.
  3. A pessoa atingida por raio recebe uma descarga eléctrica e pode ter queimaduras por onde o raio a atingiu e por onde a electricidade abandou o corpo. Verifique se existem queimaduras em ambas partes. As queimaduras, normalmente, devem-se procurar nos dedos das mãos e pés e em zonas de contacto com fios, medalhas, relógios, anéis, pulseiras.
  4. Se a vítima apresenta pulsação e respira, observe e cuide de outras possíveis lesÔes.
  5. Se a vítima estå inconsciente, comprove se tem pulsação e se respira.
  6. Se tem pulsação mas não respira, aplicar a respiração boca-a-boca.
  7. Se observa que a vĂ­tima nĂŁo apresenta pulsação, entĂŁo entrou em paragem cardĂ­aca, aplique de imediato a tĂ©cnica de Reanimação CĂĄrdio-Pulmonar (RCP). As pessoas que sofrem uma paragem cĂĄrdiorespiratĂłria por raio, tĂȘm uma maior probabilidade de sobreviverem quando comparadas com outras causas, se se iniciarem as manobras de reanimação com prontidĂŁo.
  8. Uma descarga eléctrica pode causar danos no sistema nervoso, fracturas e perda de audição ou visão. Entre 80 a 90% das pessoas vítimas de fulminação podem sobreviver se receberem no imediato os cuidados de socorro adequados.
  9. Manter a vítima quente até à chegada da equipa de socorro.
  10. Se uma pessoa atingida por raio, aparentemente nĂŁo apresenta feridas de importĂąncia, deve no entanto ser assistida por um mĂ©dico para avaliar o seu estado de saĂșde.

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AlteraçÔes ClimĂĄticas,4,Alto Minho,11,CrĂłnicas,3,Destaques,9,Fogo Prescrito,9,Formação,2,GestĂŁo Florestal,2,IncĂȘndios Florestais,43,Meteorologia,11,OpiniĂŁo,3,Prevenção,10,TĂ©cnica,9,Tecnologia,8,Uso do Fogo,7,
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Fogos Florestais: Trovoadas e Raios e IncĂȘndios Florestais. Cuidados Especiais
Trovoadas e Raios e IncĂȘndios Florestais. Cuidados Especiais
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