No dia 15 de dezembro foi anunciado pelo Governo da Nação o fim das fases de combate aos incêndios florestais, o que é de saudar. Esperemos ...
No dia 15 de dezembro foi anunciado pelo Governo da Nação o fim das fases de combate aos incêndios florestais, o que é de saudar. Esperemos que o chamado “Período Crítico” tenha o mesmo fim!
No final do verão lançaram-se inúmeras críticas em relação à redução do número de operacionais após o dia 30 de setembro. Recorde-se que a “fase mais crítica” dos incêndios compreendia o período entre 1 de julho e 30 de setembro, quando se concentram a larga maioria de meios e recursos para o combate aos incêndios florestais, sendo este período historicamente o que concentra, igualmente, o maior número de ocorrências e de área ardida.
Video 1 - Evolução do furacão Ophelia no dia 15 de outubro, onde se observa o fumo dos incêndios Portugal e da Galiza. Fonte: NASA
Neste sentido, procurou-se compreender ao nível nacional como evoluiu a distribuição dos meios e recursos, bem como do número de ocorrências e da área ardida, no período compreendido entre 1 de julho a 30 de setembro e de 1 a 17 de outubro de 2017, ou seja, respetivamente, a referida Fase Charlie e o prolongamento do Período Crítico que culminou com o fatídico dia 15 de outubro.
Se observarmos os dados dos valores totais acumulados, destaca-se, como é historicamente habitual, o mês de agosto, concentrando o maior valor de área ardida e o maior número de ocorrências, bem como a maior concentração de meios e recursos. Seguidamente, encontra-se o curto período correspondente à primeira quinzena de outubro, o qual concentra a maior área ardida, 239 182 hectares (dados provisórios) devido essencialmente às condições atípicas verificadas no dia 15 de outubro, com a aproximação do furação Ophelia.
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Quadro 1 - Valores Totais durante a Fase Charlie e a 1ª Quinzena de Outubro. (clicar na imagem para aumentar) |
No entanto, se compararmos os valores diários médios da Fase Charlie com a primeira quinzena de outubro, verifica-se neste último período que se registou um maior número de ocorrências quando comparado com a fase mais crítica, reduzindo-se apenas praticamente para metade o número de meios e operacionais aéreos. Se fizermos uma distribuição média diária por cada mês, destaca-se que a quinzena de outubro apresenta um valor médio diário da área ardida 8,5 vezes superior à média diária da Fase Charlie.
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Quadro 2 - Valores Médios durante a Fase Charlie e a 1ª Quinzena de Outubro. (clicar na imagem para aumentar) |
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Gráfico 1 - Distribuição do número de operacionais e número de ocorrências (valores acumulados) durante a Fase Charlie e a 1ª Quinzena de Outubro. (clicar na imagem para aumentar) |
Um dado relevante é que o número médio diário de operacionais e meios terrestres na quinzena de outubro foi superior ao valor médio registado no mês de agosto, o que significa que na prática não se efetivou uma redução do efetivo terrestre.
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Gráfico 2 - Distribuição do número de operacionais e da área ardida (valores acumulados) durante a Fase Charlie e a 1ª Quinzena de Outubro. (clicar na imagem para aumentar) |
Outro dado significativo é que em termos médios diários, a Fase Charlie registou um número médio diário de operacionais terrestres (em ocorrências) de cerca de 1 650 elementos, existindo picos que concentraram um maior número e corresponde igualmente, aos dias com maior área ardida acumulada (
ver Gráfico 2). Salienta-se que no total do efetivo, consideram-se todas as unidades envolvidas no combate e 1ª intervenção, isto é bombeiros voluntários, bombeiros profissionais (FEB e Municipais), GIPS-GNR, AFOCELCA, sapadores florestais, militares e outros.
Se por um lado, estes dados refletem, de modo aproximado, a distribuição dos meios na fase mais crítica de 2017, por outro permitem-nos estimar de forma mais eficiente os meios e recursos necessários para as próximas campanhas de incêndios, considerando as piores condições registadas neste ano.
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