Por: Emanuel Oliveira Publicado no Jornal VALE MAIS N.Âș 32 # AGOSTO 2014 O mediĂĄtico especialista em assuntos econĂłmicos e polĂticos,...
Por: Emanuel Oliveira
Publicado no Jornal VALE MAIS
N.Âș 32 # AGOSTO 2014
O mediĂĄtico especialista em assuntos econĂłmicos e polĂticos, Francisco Sarsfield Cabral, num artigo na RĂĄdio Renascença (30-08-2013), intitulado “Os SĂĄbios e os IncĂȘndios” declarava o seguinte: «Como desde hĂĄ dĂ©cadas tem acontecido, uma grande vaga de incĂȘndios florestais suscita dezenas de opiniĂ”es sobre como resolver o assunto. SĂł que o excesso de fogos nĂŁo se resolve repetindo receitas inexequĂveis.»
Acção de Fogo Controlado |
A receita hĂĄ muito tempo que estĂĄ prescrita e bem definida. Em 2006 foi apresentado o Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra IncĂȘndios (PNDFCI) e a EstratĂ©gia Nacional para as Florestas, pela Autoridade Florestal Nacional (hoje Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), cujos documentos e instrumentos de planeamento definiram as situaçÔes crĂticas da floresta nacional e identificaram as medidas a desenvolver, as metas concretas e as diretrizes para a redução dos incĂȘndios florestais, contudo a maior parte continua em incumprimento por falta de operacionalização e de recursos financeiros, sendo estes reforçados anualmente no mediĂĄtico dispositivo de combate em detrimento da Prevenção e da GestĂŁo Florestal. Nestes documentos ficou definida para um perĂodo 5 anos (a partir de 2006) com toda a clareza, a necessidade do aumento do nĂșmero de equipas de sapadores florestais e de equipas do Grupo de AnĂĄlise e Uso do Fogo, a aposta no Fogo Controlado para a gestĂŁo dos combustĂveis, a execução da Rede PrimĂĄria, as faixas ao redor dos aglomerados populacionais, a fiscalização, entre outras muitas medidas. No entanto, as poucas açÔes realizadas foram residuais e pontuais, outras porĂ©m acabaram por ser anuladas apesar dos resultados positivos e outras nĂŁo saĂram do papel. Como diz o povo “nĂŁo se fazem omeletes sem ovos”, principalmente quando nĂŁo hĂĄ vontade para se fazer.
O conceituado especialista americano (EUA), Mark Beighley, aquando da sua visita de trabalho para o PNDFCI, declarou em 2004 que «A verdadeira questĂŁo Ă© a seguinte: qual o valor que Portugal atribui aos seus espaços rurais e florestais? SerĂĄ suficiente para forçar as verdadeiras mudanças que poderiam estancar a continuada erosĂŁo da produtividade resultante dos danos crescentes provocados pelos incĂȘndios?».
As mudanças necessĂĄrias para a proteção dos interesses econĂłmicos (agricultura, floresta, indĂșstria, turismo), sociais que dependem direta ou indiretamente da conservação da floresta, implicam sobretudo uma alteração nas sucessivas polĂticas erradas e na consequente aplicação de recursos financeiros em açÔes concretas no Ăąmbito da prevenção e da valorização econĂłmica da floresta portuguesa.
Ou seja, que fique claro, a receita para a redução dos incĂȘndios florestais e da ĂĄrea ardida existe, Ă© exequĂvel e recomenda-se (mais uma vez), contudo Portugal tem preferido as vias alternativas sem qualquer prescrição e os cuidados paliativos, indiscutivelmente sem resultados. Insistir no erro ano apĂłs ano, nĂŁo demonstra vontade de mudança!
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