Outra das Metas estabelecidas no Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios é a eliminação de incêndios com áreas superiores a 10...
Outra das Metas estabelecidas no Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios é a eliminação de incêndios com áreas superiores a 1000 hectares. Tal meta depende essencialmente da aplicação das medidas de prevenção estrutural, de ordenamento e gestão florestal. Medidas essas que se centram sobretudo numa melhoria das acções de silvicultura tendo em vista a gestão, tais como a redução de densidades e no plano preventivo, na beneficiação da rede viária e essencialmente na compartimentação das áreas florestais, mediante a execução de mosaicos de gestão de combustível com recurso ao fogo controlado e à execução da Rede Primária divisional. Note-se que a Rede Primária no Alto Minho apenas foi recentemente aprovada, 7 anos após a aprovação e publicação do PNDFCI.
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MIF de Alfândega da Fé. Fonte: Serviço Europeu de Gestão de Emergência Copernicus |
Cerca de 70% do total da área ardida registada entre 2005 e 2013 (96 541ha) resultaram de grandes incêndios florestais (67 375ha) e estes apenas resultaram de 2% do total de ocorrências registado em igual período. O facto é que os GIF’s são um risco presente no território alto minhoto que anualmente marcam o panorama dos incêndios florestais.
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Gráfico 1 - Distribuição anual dos GIF's no Alto Minho. 2005 a 2013 |
O despovoamento do meio rural e consequente abandono das actividades agrícolas e silvo-pastoris, a ausência de acções de gestão florestal e consequente desvalorização económica têm fomentado no seu conjunto a um aumento exponencial da carga de combustível que se acumula ano após ano para alcançar picos de carga periodicamente. Estas condições associadas à ausência de infraestruturas de apoio ao combate no âmbito da prevenção estrutural e a pouco adaptabilidade da gestão florestal e das infraestruturas às alterações climáticas proporcionam condições óptimas para o desencadear não só de grandes incêndios florestais (GIF, >100 – 1000ha) mas de mega-incêndios florestais (MIF. superiores a 1 000 hectares).
Os registos do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) não deixam sombra para dúvidas –
o Alto Minho não conseguiu cumprir a meta de eliminação de incêndios com áreas superiores a 1000 hectares.
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Gráfico 2 - Distribuição anual dos MIF's no Alto Minho. 2005 a 2013 |
Apesar dos MIF’s constituírem 0,1% do total de ocorrências verificado no período de 2005 a 2013, o certo é que foram responsáveis por cerca de 25% da área total ardida. O gráfico permite-nos identificar uma redução da tendência do número de ocorrências que originam MIF’s, no entanto somos conscientes que o agravamento do despovoamento rural e o crescente abandono das actividades tradicionais e a recorrência de fenómenos meteorológicos anormais decorrentes das alterações climáticas, vão fomentar o surgimento de mega-incêndios florestais com áreas muito superiores aos 1 000 hectares, como aqueles que foram já verificados, em 2012 no interior rural algarvio (MIF de Tavira e de S. Brás de Alportel, cerca de 21 347 hectares) e o verificado este ano na região do Alto Douro (MIF de Alfândega da Fé, com cerca de 13 706 hectares).
Este tipo de riscos requer obrigatoriamente intervenções preventivas para evitar o seu sucesso cíclico, mediante acções transversais concertadas de âmbito intermunicipal e inter-regional que promovam a compartimentação de extensas áreas florestais e a alteração dos modelos de combustível com recurso ao uso do fogo controlado, de forma dinâmica e ininterrupta. São acções que requerem um compromisso público sério e operacional.
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